sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Das coisas mais dolorosas, é ter de dizer adeus a algo que queremos ter perto. Mas por vezes somos obrigados a ter de o fazer para bem do nosso equilíbrio, para nosso bem, para sorrirmos mais. A desvinculação de algo que nos era nosso, é fulcral para que a cabeça não derreta, se espalhe e perca por aí.

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Pão, chuva e gaivota

Numa tarde chuvosa de Fevereiro, sete homens reformados estacam e remexem no silêncio da rua húmida. "Sai da estrada pá!", "vais ver que ela vê". Um deles estava perto da estrada, movimentada nesta tarde nebulada. Por certo que o ditado "gaivotas em terra, tempestade no mar", já teria surgido algures nas suas conversas entrecruzadas, que não permitiam entender assunto à minha distância.
Por cima deste ambiente, flutuavam gaivotas, que de quando em vez gritavam no céu, talvez se queixando de terem de estar longe do mar. O homem da beira volta ao pelotão rindo e outro vai ao lugar deste. Baixa-se, pega um pedaço de pão branco, parte-o em dois e lança-os alternadamente na estrada - "vais ver se não vêem!". Aí achei graça. Este último senhor volta para o grupo e ficam todos expectantes. Passados uns quinze segundos uma das gaivotas baixa, espreita o pedaço de pão e um carro atravessa-se entre ela e o pão. Volta a pairar no alto. Mais carros continuam a intermitente passagem. "Claro! Na estrada? O pão vai ficar esmagado! Por que não mandaram para aquele passeio?" pensei eu, já dentro do assunto. Mas eles já falavam de futebol, enquanto um e outro apenas ouviam os outros e espreitavam o pão, que incapaz de ser apanhado pelas aves, se ia tornando cada vez mais numa massa húmida e lisa sem volume.