sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

Eu acredito naquelas histórias em que uma paixão é tão intensa que esgota. Tão intensa que bloqueia. Intensa de tudo. Tanto que negamos. Que vamos fazer ciúmes mil vezes para termos a certeza. E mil vezes vamos ter ciúmes porque nos fazem o mesmo. Morremos por dentro se imaginamos outra boca naquela. Só que morremos mais se imaginamos aquela boca na nossa. Aquela paixão em que queremos tudo e não exigimos nada. Em que não temos condições ou expectativas, simplesmente porque estamos esgotados de desejo. Desejo de algo que nos pertence, quase de posse. De que aquela alma faz parte de nós. Paixões onde a prisão e a liberdade sejam uma só. Onde tu és preso à liberdade, tal como és preso ao cérebro que tens e ao nome que te deram. Onde tu te perdes e te encontras. Onde o sofrimento é dividido e as dores são partilhadas. 
Aquela paixão em que nem receamos perder porque é demasiado nossa para que não fosse de facto nossa. Que só a ideia de não ser, não existe. Porque só um olhar basta, porque os movimentos de ambos se conhecem. O toque. O cheiro. Porque a coincidência é simetria. 

Seja eu romântico ou espiritual, se essa paixão deixar de ser minha, é porque tudo isto é um sonho.

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